Para quem nasce com a sina de otário
Nunca é fácil desviar do itinerário:
Pois quem é tolo se separa do orgulho
Por qualquer mera tentativa de ilusão
(Ele se engana e desagrada o coração),
Para voltar ao indecifrável mergulho
Na profundeza que o ilude sem pudor
– Ele nem sabe mesmo qual o seu valor.
Onde será que ele guarda os fracassos
Que acompanham o tempo todo os seus passos?
Pois toda vez que ele pensa “estou com sorte!”,
Realidades inclementes tomam forma
Para fazer de uma derrota sempre a norma,
E um silêncio mais profundo que a morte
Já oblitera qualquer resto de esperança
– No coração e em sua erma vizinhança.
29.12.13
17.11.13
Can I find my fate? Can I be one with my desire?
Ansioso,
você diz;
Mas qual é a tua ânsia,
A angústia no teu seio
Que te priva dos prazeres,
Empalidece os quereres
Que te servem de esteio,
Esvazia as importâncias,
Deixa a vida por um triz?
Pois essa dor que te consome
E te deixa assim tão fraco,
Sem vontade de viver,
Afundado em desespero,
Já engendra com esmero,
A cada amanhecer,
Tudo o que te faz opaco
E quase esquecer teu nome.
Já termina o calendário
Cheio de indefinição,
Estendendo seus tentáculos,
E você nem vai saber
Como é sempre correr
Tropeçando em obstáculos
Sem sentido ou direção
No teu breve itinerário.
Então toma outro trago,
Usa qualquer outro ópio,
Que a vida não demora
A arder, se consumir,
(Até a hora de partir)
No tédio de qualquer hora
E no horror que é próprio
Da má sorte e seu afago.
Mas qual é a tua ânsia,
A angústia no teu seio
Que te priva dos prazeres,
Empalidece os quereres
Que te servem de esteio,
Esvazia as importâncias,
Deixa a vida por um triz?
Pois essa dor que te consome
E te deixa assim tão fraco,
Sem vontade de viver,
Afundado em desespero,
Já engendra com esmero,
A cada amanhecer,
Tudo o que te faz opaco
E quase esquecer teu nome.
Já termina o calendário
Cheio de indefinição,
Estendendo seus tentáculos,
E você nem vai saber
Como é sempre correr
Tropeçando em obstáculos
Sem sentido ou direção
No teu breve itinerário.
Então toma outro trago,
Usa qualquer outro ópio,
Que a vida não demora
A arder, se consumir,
(Até a hora de partir)
No tédio de qualquer hora
E no horror que é próprio
Da má sorte e seu afago.
27.10.13
I dreamt of the sun's demise, awoke to a bleak morning.
[versão 1]
E então o Sísifo cansou
Já desistiu e abandonou
A grande rocha lá no alto
Pois desistiu de ser arauto
De uma horrível liberdade.
E nessas cismas do destino
Ele nem teme o desatino
De recusar a existência
E desistir da experiência
De encontrar uma verdade.
[versão 2]
E então o Sísifo cansou
E recusou a experiência
De procurar uma verdade
Já desistiu e abandonou
O seu mergulho na existência
De uma horrível liberdade
Pois desistiu de ser arauto
Daquelas cismas do destino
Que a grande rocha lá no alto
Perpetuou em desatino.
[versão 3]
De sua rude experiência
Então o Sísifo cansou;
Daquelas cismas do destino,
E uma horrível liberdade
Que a grande rocha lá no alto
Perpetuou como verdade,
E desistiu de ser arauto
De todo aquele desatino
E simplesmente abandonou
O seu mergulho na existência.
15.10.13
The parchment of my future burns fast and I burn myself badly in my futile attempt to save it.
Desde que acordo, até dormir,
Tudo que faço é mentir
E inventar tantos motivos
Precisos forem pra ter vivos
Os sentimentos de ter feito
O que havia pra fazer,
Ou de que então retroceder
Era sensato, o melhor jeito
De manter firme o pé no chão
De tudo estar em seus conformes
E me livrar dos sempre enormes
Ressentimentos da ilusão.
Sempre à procura de desculpas,
Dissimuladas e adultas,
Pra qualquer coisa que eu faça,
Ainda tento fazer graça:
‘Ah, foi melhor ter sido assim’
[Razões, motivos para tudo],
E num instante breve e mudo
Eu me convenço de que, enfim,
A incompletude é o abismo,
O poço fundo do cinismo
Onde, indeciso, me desfaço
Na covardia do cansaço.
11.9.13
Eu sei que o mundo é um fluxo sem leito e é só no oco do seu peito que corre um rio.
“As I wait each night
For a darkness to come
And hide me away
From the hate of this world
From the sun of this world
From the life of this world
From the truth of this world.”
(Frostmoon Eclipse, Under Pale City Lights)
E lá está o tal caramujo:
Se recolhendo em sua casca,
Silencioso, fraco e sujo,
Para fugir de uma borrasca;
Se protegendo da ventania
Que corre as pedras da baía.
Ele não pensa em quase nada:
Ele só busca a proteção
Da violenta onda gelada
Que vem do mar da escuridão.
A pegajosa lesma vai
Para o casulo mais uma vez,
E a garoa cortante cai
Do céu tristonho de palidez;
As nuvens passam no horizonte
E fica a espuma da maré cheia,
Na esquecida praia defronte
Ao caramujo a chorar na areia.
– E o mundo lá fora?, cinza e frio,
Cinza e frio, cinza e frio, cinza e frio.
[O tema e os dois últimos versos (os únicos que lembro de cor, por isso quebram a harmonia do poema) são de um texto em prosa que fiz em 2006 para meu finado blog A Via Crúcis Do Corpo (2005-2010) e cujo original perdi, então resolvi aproveitá-lo em outro formato e outras ideias.]
20.8.13
E o tempo, despovoado e profundo, persiste.
“Conheço quase o mundo inteiro
Por cartão postal
Eu sei de quase tudo um pouco
E quase tudo mal.”
(Leoni, Nada Tanto Assim)
Releio os mapas e os guias
É minha única alegria
– Fingir que estou a viajar.
Eu vou traçando as diretrizes
E os roteiros dos países
Sem nem sair da residência.
Desfaço e faço sempre as malas
Levo-as do quarto para a sala
Justificando a existência.
Tenho um mural para as imagens
E uma caixa pras mensagens
Que não tirei nem escrevi.
E sinto sempre a saudade
De cada canto das cidades
De tudo aquilo que não vi.
E chego quase a me esquecer
De que eu nunca vou viver
Para me ver nesses lugares.
Retorno ao ponto de partida
Sem ter a chance de saída
Nem mergulhar em outros mares.
Mas sei de todas as histórias
E trago tudo na memória
– Eu sou quem não estava lá.
29.7.13
Nem propriamente mágoa, mas qualquer coisa assim com o sabor sarcástico de uma advertência.
"O céu, um círculo fez
E eu, o que fiz?
– O mesmo outra vez.
O sol nasceu e morreu
E eu, ainda não;
– Um dia, talvez."
(Pato Fu, Ninguém)
Diz: quanta falta de sentido
Existe numa direção?
Se o coração, cinza e partido,
Sabe que nunca tornarão
Os dias cálidos de outrora
Sem o cinismo de agora?
E o que reserva o Destino
(Esse discreto assassino)
A quem já sabe seu caminho?
Se a esperança, em desalinho,
Tem sua morte decretada
Em qualquer curva da estrada?
Mudar a trilha? Impossível,
Toda escolha já está feita
Desde o início, desde sempre,
Está escrita desde o ventre,
E saber disso ou ter suspeita
É u’a vantagem desprezível.
Resta fingir surpresa quando
Nos virmos pálidos diante
Dessa final desolação,
Mas sem valor em tal desmando;
Pois você sabe: o diamante
No fim não passa de carvão.
Não há lição para aprender,
Não há sentido em sofrer
E ninguém cresce com a dor.
É só pretexto pra existir
Sem nem pensar mais no pior
E deixar tudo esvair.
Vão-se as noites e os dias,
E veja: nada vai mudar.
Resta então se acostumar
Ao mesmo ponto de partida
E superar a apatia
Que é viver sempre a vida.
17.6.13
The stars you gathered, the stars I destroyed.
Fim da farsa, cai o pano:
Tanto fez que conseguiu!
Onde foi parar aquele
Amor de cheiro, de pele...?
Desperdiçou-me, e se partiu
No esforço cotidiano,
Se quebrou e ninguém viu,
Foi só mais um desengano.
– E que tudo se congele.
Pois foi em dia nenhum
(Nem lembro qual foi o mês)
Que o amor decidiu morrer
À míngua, pra merecer
O descaso em tal viés,
Como ‘inda houvesse algum
Sentimento feito rês,
Acorrentado ao comum
E malquisto bem-querer.
Na verdade nunca houve
Uma nota que encaixasse
Em nossa velha canção
Dissonante e sem razão;
Ah!, se o silêncio esperasse!...
E se o acaso lhe aprouve,
Então faltou quem contasse
Que é cinza o que chove
Sobre o meu coração.
E hoje nem sinto falta
Do que já nem tinha em mim.
Fica somente o vazio,
Certa ausência que dá frio,
A paixão em um confim.
E sabe qual é a pauta?
“– É como a saudade enfim
Bebesse, sem sede, incauta,
Toda a água de um rio”.
Nesta confusão imensa,
Já nem lembro quanto tempo
Passou desde o início
Deste texto, desse vício;
Já não sopra mais o vento
Que trazia tua presença,
E sozinho agora entro
N’outra inútil renascença.
– A vida é interstício.
Tanto fez que conseguiu!
Onde foi parar aquele
Amor de cheiro, de pele...?
Desperdiçou-me, e se partiu
No esforço cotidiano,
Se quebrou e ninguém viu,
Foi só mais um desengano.
– E que tudo se congele.
Pois foi em dia nenhum
(Nem lembro qual foi o mês)
Que o amor decidiu morrer
À míngua, pra merecer
O descaso em tal viés,
Como ‘inda houvesse algum
Sentimento feito rês,
Acorrentado ao comum
E malquisto bem-querer.
Na verdade nunca houve
Uma nota que encaixasse
Em nossa velha canção
Dissonante e sem razão;
Ah!, se o silêncio esperasse!...
E se o acaso lhe aprouve,
Então faltou quem contasse
Que é cinza o que chove
Sobre o meu coração.
E hoje nem sinto falta
Do que já nem tinha em mim.
Fica somente o vazio,
Certa ausência que dá frio,
A paixão em um confim.
E sabe qual é a pauta?
“– É como a saudade enfim
Bebesse, sem sede, incauta,
Toda a água de um rio”.
Nesta confusão imensa,
Já nem lembro quanto tempo
Passou desde o início
Deste texto, desse vício;
Já não sopra mais o vento
Que trazia tua presença,
E sozinho agora entro
N’outra inútil renascença.
– A vida é interstício.
3.6.13
Der sorg har beseiret alle gleder og bygd et land på menneskets jord fylt med isklad prakt og heder.
I
Noite deserta, hora absurda
E eu já nem sei mais o que estou esperando
“Quem aí já desistiu hoje?”
“Quem aí já insistiu hoje?”
“Quem aí já existiu hoje?”
Agora me arrasto pelas sombras
No intervalo
Vazio, deserto
Sem nada nem ninguém por perto
Incompleto, sozinho
Ave fora do ninho
Rútilo, incorreto
Alquebrado, circunflexo
Morto ou ressurreto
Embarcação sem porto
– O que já foi embora.
II
Coexistimos na distância e no silêncio
Nas intermitências mínimas
De impossível permanência
Do que quase foi, do que teria sido
Que se perdeu no vento
Na noite
No chão de qualquer desgosto
Nas moscas, nos ratos, nos vermes
No sol negro de urubus em espiral
Em comichões, angústias, sangramentos
No desespero em deixar de existir
Nas asas manchadas, descoloridas
Daquele anjo que pousou sobre o adeus
– E os pássaros estavam todos mortos.
III
E eu quis tanto a paz
A paz do alto dos mais altos montes
A paz do fundo dos teus olhos tristes
E saudava o abstrato infinito
No infinito sem fim
Que era eu sem você
Na dor cuja expressão foi o abandono
De toda fé e toda alegria
(E teu amor era sempre travessia)
E eu vivia
Sempre o dia de você
Enfim exausto de lutar tuas batalhas
Do teu orgulho eu fiz minha mortalha
Na qual foi repousar a minha dor.
IV
E eu já nem sirvo mais
Pra desatinos e humanismos de sofá
“É quando não consigo mais fugir”
“É quando não consigo mais fingir”
Mas eu ainda espero pelo sol nascer
Que já se pôs, que já se foi, que já não há
Pelo deus que desistiu e não virá
Qualquer amor que nunca tive e nem quis
A luz do sol, de uma estrela que morreu
A solidão de um triste céu que escureceu
E vem você e nem me diz
“Então, qual é a cor do mar?”
– É cinza
E é muito frio também o mar que não tem fim
Mais escuro que o negrume desta noite
Na espuma da areia
Na água nas pedras
No agridoce cantar
Deslizando no pranto
Nas plumas da asa partida
Derramada no horizonte tardio
Silencioso e sem por quê.
V
Talvez não haja outra vida
Uma saída
– E estejamos todos sós.
9.5.13
You must admit, the Sun is dying.
I
Sonolenta madrugada
Amanhece qualquer dia
(Silêncio, impermanência)
Outra noite vai morrer
E com ela quase tudo
Que é insone, que não tem nome
Os homens e os deuses
O adeus de tantas horas
Ser, Tempo, Nada, Verdade
Eu
Ninguém
É que há muito não vejo
As tais manhãs do fim do mundo
(Os dias já sabem nascer sem mim)
Quantas eternidades
Venturas perdidas
Estrelas, nuvens, flores, mar
Pedras, areia, desejo, destino
Quase não lembro do mar infinito
Cinzento
Das estrelas da noite sem fim
Tudo deságua no vazio
Dessas páginas viradas
De um pranto que não cai
Nessa ausência, nessa falta
De barco sem cais
De asa de ave sem céu
De anjo sem deus
De mim
Nessa dor de tantos nomes
A razão de tantos ais
Do silêncio de ninguém mais.
II
Desmanchado
Resta-me o intervalo
Interstício tão breve
E por isso que me calo
Desde o início
Num sorriso
Ou algo que o valha para alguém
Esse por do sol em mim
Essa mágoa do sem-fim
– Tudo é ressentimento
Calado assim, fadado ao fim
Enfim desconstruído, dissoluto
Num minuto já perdido
Momento fugidio
Da vontade de já ter ido embora
E a sensação de ter dito demais
Vivendo a vida de outro alguém
Outrem qualquer
E construir outro destino
(Quem sabe até outra pessoa)
Desconhecer o fim da história
Feito quando a velha vida
Era só mais uma novidade
No meio daquele existir
E eu fico aqui
Poesia desunida
Espalhada, em ruínas
Procurando motivos
Pra esquecer
E marcar no calendário
Coisas que jamais irei fazer
Um dia
Quis as eternidades
Desvelar a quietudes do não-ser
Hoje nem preciso que ninguém me diga
Eu sei
O fim do mundo é logo ali
E só.
4.4.13
Eu quero ver se vale a pena seguir viagem ao mar sem cor.
É na inércia da existência
Que finjo não viver a vida
E reitero a ilusão:
Pois quem teria paciência
De encontrar uma saída
Da aridez do coração?
Se num tropeço repentino
Foi nos braços do destino
Que acabei por me atirar?
E se o viver me olvidar
Renegarei tudo que vejo:
– Futilidade do desejo.
Melhor fechar logo as ventanas
E esquecer o itinerário
Pois nada muda realmente.
Tua lembrança é somente
O interminável bestiário
Das frustrações cotidianas.
15.2.13
Minha palavra é continuada pelas perguntas que não têm resposta.
“Si tu m'aimais, et si je t'aimais, comme je t'aimerais!”
[Paul Géraldy, Toi Et Moi (épigraphe)]
[Paul Géraldy, Toi Et Moi (épigraphe)]
Existo apenas em linguagem:
Amado apenas em efígie,
Minha presença é ilusão.
Ressentimento e frustração:
No escuro lodo do Estige,
Eis minha pálida imagem.
O quanto dura a paciência,
Barco esquecido em qualquer cais?
– Vai a maré, fria e vã.
Já esperei meia existência,
Esperarei por quantas mais?
– Sequer existe amanhã.
5.2.13
Ya non tienes tan claro porque vas, por que no alcanzas el tiempo que no para.
I
Eis a verdade
E ela é vazia
Distante, indiferente
Fria Senhora, ignora toda a gente
Vaidade de morte sem luto
Beijo sem saliva ou desejo
Passo sempre em falso dos pés descalços
Num quarto de hotel
No corpo morto do mártir
Num ato qualquer
Nas mentiras da arte
Nos fins de tarde em mim.
II
Pois simplesmente transbordou
Desaguou no fim
De tanto rio
Urgente
O pranto mudo de céu e chão
Feito véu
Meses a fio
Em vão.
III
Digam aos pais
Aos teus
A quem mais?
Aos peões do jogo
Que não há mais véus
Nem réus
Que foi tudo um logro
– E não há mais amor.
21.1.13
Agora esse futuro está aqui, a meus pés, morto.
I
Não crie casos por tão pouco,
Seja carta fora do baralho.
– Vamos deixar isso pra lá?
Mostre seus calos de trabalho,
Ah, e também não banque o louco.
– Que tal deixar isso pra lá?
Mantenha o ouvido sempre mouco
E me desculpe se atrapalho.
– Melhor deixar isso pra lá.
II
O que eu faço é o que sou:
Jamais busquei a redenção.
O que me resta é o que falta:
A esperança jaz incauta,
Vem sempre a queda após o voo
– E tudo isso foi em vão.
Pois no rasgar de cada folha
Nem bem importa sim ou não;
Às vezes não quero escolher
E todo mundo vai dizer
Que cada passo é uma escolha
– E toda escolha é ilusão.
3.1.13
Doch hort mich morgen nicht an Ich kann den trostlichen Beweis erbringen kann hinab in das mutterliche Dunkel wo Finsternis und Chaos uber Erd' und Himmel richten.
Nesta tristeza que parece até mentira
Na dor profunda que emana desse corte
Eu nem sei mesmo como devo avisar
Que não existe horizonte nesse mar
E nem certeza que não seja a da morte
Enquanto a vida tão cansada se retira.
Desacredite se quiser da minha febre
Mesmo que tudo termine em silêncio
Pois a vergonha mata tanto quanto o amor
E nossa vida juntos tenha sido breve
Que uma lágrima permita o anúncio
Possamos nós nos abraçar num estertor.
Mas só depois de entregar o corpo ao chão
As minhas rimas contarão a nossa história
Porque enquanto eu fizer versos neste mundo
Porque lá dentro do mais íntimo e profundo
Meus pensamentos buscarão tua memória
– E que esta seja minha última canção.
Na dor profunda que emana desse corte
Eu nem sei mesmo como devo avisar
Que não existe horizonte nesse mar
E nem certeza que não seja a da morte
Enquanto a vida tão cansada se retira.
Desacredite se quiser da minha febre
Mesmo que tudo termine em silêncio
Pois a vergonha mata tanto quanto o amor
E nossa vida juntos tenha sido breve
Que uma lágrima permita o anúncio
Possamos nós nos abraçar num estertor.
Mas só depois de entregar o corpo ao chão
As minhas rimas contarão a nossa história
Porque enquanto eu fizer versos neste mundo
Porque lá dentro do mais íntimo e profundo
Meus pensamentos buscarão tua memória
– E que esta seja minha última canção.
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