28.11.10

Let the flames purify my soul on its way to hall up high.

Imensa fogueira sem nenhuma vaidade
Cidade inteira suspensa na manhã do fim
Em frente de mim a iridescente vida
É consumida em instantes pelo fogo
E logo tudo que era mágoa se esvai
Enquanto cai o pano sobre a mentira
Que revira agora somente na treva
Que leva embora o que um dia foi luz.

27.11.10

Todas as grandes ações e todos os grandes pensamentos têm um começo ridículo.

[11h22min]

O sol arde no céu anunciando a nossa tarde
Derramando feito véu seus raios luminosos
Auspiciosos e insensatos em sua paciência
Na iminência de não cumprir nada do rol
Das coisas que eu havia desistido de fazer.

Já me lembrei do que eu precisava esquecer
E já nem sei mais porque eu ainda insistia
Em resistir querendo outra existência
Se eu sei a mesmíssima falta de paciência
Ainda iria sempre e sempre me acompanhar.

Quero retornar ao desencontro infinito
Do antigo mito que criei para mim mesmo
E viver mais a esmo neste imenso oceano
Eternamente puro e vazio que é viver
Ewige wiederkunft do Sísifo feliz.

[11h35min]

26.11.10

Eu trago na vontade todo o futuro traçado!

[16h42min] A cor do entardecer, um jasmim, qualquer flor. Um ato qualquer, uma fuga, essa dor. Um amor, um lugar, mesa posta, jantar. Cama feita, pôr-do-sol, não-te-esqueças-de-mim. Noite sem luar, infinita e sem cor. Olhos profundos de nunca dormir, dia que não quer mais amanhecer. [16h46min]

We'll watch the seas start to die.

[14h18min]

Em teu sereno olhar, a redenção
Que brilha n’alta noite feito a luz dos círios
Qual um lírio nascendo no jardim
No mais profundo do não-sei-de-mim
Em teus pequenos lábios, o veneno
Contra toda a contradição e o martírio
Ao agridoce de uma canção
Que em conselhos, talvez sábios
Trouxe-me até aqui para dizer
Que, de tudo que vivi, tu és a Divindade
Luz que empalidece as noites da cidade
Lírica, única verdade, que sorri
Que não envelhece, estandarte, monumento
No abraço morno de um gesto lento
Num eterno movimento de retorno
Ao seu lugar que é aqui
- Tu és minha constelação.

[14h23min]

17.11.10

¿Will he suffocate their faith?

[19h46min] Feche os olhos, as janelas, o coração: o sol vai entrar mesmo assim. Vai revirar os pertences que não são mais seus, abrir um abismo de pavor dentro de você. O vento derrubará as paredes, fará desabar o teto, levará embora teus sonhos. E tudo que restará na imensidão de um canto qualquer será o que ninguém quis de você mesmo. [19h50min]

16.11.10

Blessing all these scars inside.

[15h35min] Para esta língua que não falo, não são necessárias palavras, a própria linguagem transcende o Nada em seu vazio, em tudo que é dito sem acontecer. O verbo antes do silêncio. Uma revoltosa tempestade sobre tudo que não existe. Nos meus olhos dentro de seus olhos, eu mesmo, sozinho, esperando a Perdição. [15h37min]

12.11.10

To feel a deep hate, to feel scared.

O vapor do chá mate com limão na caneca desbotada
A canção semi-acústica de outros tempos repetidos
O vento frio e indefinido pela chuva da existência
O ranger das velhas tábuas de madeira no convés

Neste mar absolutamente inútil e sem rumo
Feito lagoa triste de tanto sal do que ninguém chorou
Na rosa-murcha-e-pálida-dos-ventos não há direção
Não há sentido, não tem partida, a chegada é sempre nada

Neste horizonte limitado das escolhas
A punição é estar sozinho e tão cheio de si
Banhado pelo gélido manto vespertino
Enregelado pelos próprios ossos ressequidos

O som do sim, a canção do não, tudo se mistura
Se confunde em pesadelos feito numa traição
E enquanto fantasmas entoam os seus cânticos
O anoitecer canta ave-marias às avessas

É o Inferno sem frio, é o Inferno sem dor
São os dias passados que não me deixam
A resposta para quem não tem perguntas
É a vida sem mim, é viver sem você.

2.11.10

No inútil disfarçar o Mal em Bem.

Nas noites mais longas, lentas e solenes é que surgem as revelações dos maiores vazios. Momentos de insônia, de crença na inexistência de fé. A garoa lá de fora parece que cai aqui dentro, em mim. E as palavras, vazias, as de sempre, escorrem como nunca pelas grades da eternidade monótona e subterrânea. Distração diabólica de tão perversa e inebriante.