15.2.13

Minha palavra é continuada pelas perguntas que não têm resposta.

Si tu m'aimais, et si je t'aimais, comme je t'aimerais!
[Paul Géraldy, Toi Et Moi (épigraphe)]

Existo apenas em linguagem:
Amado apenas em efígie,
Minha presença é ilusão.

Ressentimento e frustração:
No escuro lodo do Estige,
Eis minha pálida imagem.

O quanto dura a paciência,
Barco esquecido em qualquer cais?
– Vai a maré, fria e vã.

Já esperei meia existência,
Esperarei por quantas mais?
– Sequer existe amanhã.

5.2.13

Ya non tienes tan claro porque vas, por que no alcanzas el tiempo que no para.


I

Eis a verdade
E ela é vazia
Distante, indiferente
Fria Senhora, ignora toda a gente
Vaidade de morte sem luto
Beijo sem saliva ou desejo
Passo sempre em falso dos pés descalços
Num quarto de hotel
No corpo morto do mártir
Num ato qualquer
Nas mentiras da arte
Nos fins de tarde em mim.


II

Pois simplesmente transbordou
Desaguou no fim
De tanto rio
Urgente
O pranto mudo de céu e chão
Feito véu
Meses a fio
Em vão.


III

Digam aos pais
Aos teus
A quem mais?
Aos peões do jogo
Que não há mais véus
Nem réus
Que foi tudo um logro
– E não há mais amor.