tag:blogger.com,1999:blog-284584272024-02-08T09:02:26.626-03:00Ἀποκαθήλωσιςtu não te moves de tiFábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.comBlogger112125tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-69305013546054180222021-04-25T11:23:00.004-03:002021-04-25T11:24:26.493-03:00Antes de começar a estrada que se perdia em suspensa poeira de sol, apenas o jardim nada mais que contemplável, compreensível e simétrico.<p><span style="font-family: verdana;">Mês de abril, vinte e cinco;<br />Seria teu aniversário,<br />Porém, só eu envelheço,<br />E a saudade é o preço,<br />O que restou do inventário:<br />A vida segue sem afinco,<br />Barco à deriva sem um cais.<br /><br />Ante um frio sol de inverno<br />O intervalo é eterno:<br />Antes havia um sentido<br />No que pudesse ser vivido<br />E eu podia procurar<br />Na mansidão do teu olhar<br />Todos os pontos cardeais.<br /><br />Mas bem sabemos a mecânica<br />Imperturbável do existir:<br />Enquanto escrevo, tu repousas,<br />Sob o cinzento destas lousas;<br />A finitude a te vestir<br />De uma ausência oceânica<br />No teu jardim do nunca mais.<br /></span></p>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-81936005513683846152020-12-04T09:09:00.004-03:002020-12-16T00:02:18.592-03:00En duva satt på en gren och funderade på tillvaron.<p><span style="font-family: verdana;">Eis que o mundo deu a volta<br />Toda ao redor da estrela morta;<br />Inevitável reencontro:<br />Porém, eu nunca estou pronto<br />Pra relembrar, tal como faço<br />A cada instante, em cada espaço<br />Da dor que encharca, alta maré<br />Tudo o que foi e o que ‘inda é.<br /><br />Eu corro sempre atrás do tempo<br />E ele corre contra mim;<br />Mal sobra tempo pra sentir<br />Falta do tempo que não tenho.<br />Pra você não existe tempo<br />E, entre nós, tempo sem fim;<br />Respiro fundo, é o devir:<br />A finitude e seu desenho.<br /><br />Vou tropeçando nas memórias,<br />Cambaleante e obtuso;<br />Com os meus erros eu aprendo<br />Que fracassar é sempre péssimo,<br />Que permaneço no acréscimo<br />De um existir sempre horrendo;<br />Vejo que estou em outro fuso<br />E que esperanças são simplórias.<br /><br />Jamais é bom envelhecer<br />E a dor não pode me mostrar<br />Nada – então sigo calado<br />A tentativa inútil, vã<br />De impedir o amanhã<br />Pois é o mesmo nosso fado,<br />Inexorável feito o mar<br />E inequívoco do Ser.<br /><br />Pois tudo cabe no intervalo<br />Entre o abismo e o chão:<br />Você repousa, eu tropeço<br />Nos próprios passos, já sem brio;<br />Penso em você, ‘inda me calo<br />Luto?, você diria ‘não’<br />Chorar seria um excesso<br />E novamente silencio.<br /><br />Em temporais de fim de tarde,<br />No peito, a ausência ‘inda arde;<br />Às vezes, sonho que te chamo<br />Em aves, flores, no oceano.<br />Mais de trezentas despedidas:<br />Já em migalhas fenecidas,<br />Teu corpo é leve na terra,<br />E meu pesar jamais se encerra.<br /></span></p>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-40659548114401394662020-11-26T22:16:00.001-03:002020-11-26T22:16:37.679-03:00If his home was on fire, what one thing would he save? The fire, he said, only the fire.<p><span style="font-family: verdana;">Mais uma vez, tudo às avessas:<br />No Sol, teu mar então mergulha<br />– Estrela esta que está morta,<br />Nós precisamos aceitar;<br />E, após um fútil reclamar,<br />Você, então, agora exorta<br />A palidez de uma fagulha<br />Em nuvens cinza e espessas.<br /><br />Olho ao redor, dentro de mim:<br />O que restou, aqui, enfim?,<br />Um oceano ressecado;<br />E já nem sei mais de que lado<br />Ficava o canto da baía,<br />De tão sutil melancolia,<br />Em que batiam os meus sonhos<br />– E hoje? só vazios medonhos.<br /><br />Quem ainda se presta<br />A vadear tal malquerer?<br />Há muito se foram os deuses,<br />Tal qual a minha inspiração;<br />Fico esquecido numa fresta<br />Que esqueceram de varrer<br />Com o Destino e seus reveses<br />Trocando o ‘talvez’ pelo ‘não’.<br /><br />Não há desejo, não há medo<br />– Puro silêncio – estou vazio<br />Cansaço do que não vivi;<br />Até sonhei que desistia,<br />Mas surge outro velho dia<br />E eu ainda estou aqui,<br />Num grandessíssemo estio:<br />Quis me entregar – ‘inda é cedo.</span></p>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-54576456028782247822020-04-25T00:23:00.001-03:002021-04-24T20:49:02.826-03:00Also heißt des Willens Zähneknirschen und einsamste Trübsal.<span face=""Trebuchet MS", sans-serif"><br />Dias incertos feito bruma,<br />E este é um dos mais tristes,<br />Se destacando dos demais:<br />Os teus setenta e quatro anos,<br />Hoje apenas hipotéticos;<br />Pois, entre outros esqueléticos,<br />Envolto em trajes espartanos,<br />No tempo todo e no jamais,<br />És para sempre e não existes<br />– Infinidade e coisa alguma.<br /><br />Já nos escapam os motivos, <br />E, vez em quando, estou à beira<br />De coisa alguma pela frente<br />Da existência angustiante,<br />Envolta em medo e doença;<br />Seria bom ter uma crença<br />De um reencontro adiante:<br />Mas sei que hoje tens, somente,<br />Lábios de lodo e poeira<br />– Em forma e lar definitivos.<br /><br />Neste cenário, um grande nada,<br />Todas as vidas em suspenso,<br />E as angústias tão despertas,<br />Fez o Destino, num esgar,<br />Além de toda a infinidade,<br />E da ridícula saudade,<br />Um quase-mundo a separar<br />Nas avenidas, vãs, desertas,<br />Em que ressoa, em tom imenso<br />– Somente a tua voz, calada.<br /><br />A vida é nau sem direção,<br />O mundo piorou sem ti<br />E hoje é pouco mais que nada:<br />Viver é fechar uma porta,<br />Pois todo luto é solitário<br />E cabe a mim este calvário,<br />De carregar esta cruz torta<br />Sobre esta terra desolada;<br />Enfim, ainda estou aqui<br />– Por mera falta de opção.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-25471995330286528902019-11-20T09:33:00.002-03:002019-11-21T17:21:10.416-03:00On meurt toujours trop tôt – ou, trop tard. Et cependant la vie est là, terminée: le trait est tiré, il faut faire la somme. Tu n'es rien d'autre que ta vie.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Em quatro décadas, já findas,<br />Na confusão, na afasia,<br />A finitude, companhia,<br />Do inesperado, imprevisível<br />[Vida esgarçada, tempo imóvel],<br />Na confusão de qualquer hora<br />Resta a memória de outrora:<br />Não sei se boa ou ruim.<br /><br />Coisas horríveis, coisas lindas,<br />Se sucedendo todo o tempo<br />Talvez nem sempre numa trilha<br />Por muitas vezes circulando<br />Numa espiral de horror nefando,<br />Às vezes uma ingrata filha,<br />Premeditando, num intento,<br />A triturar o que há de mim.<br /><br />Que tudo mais me seja nada:<br />A náusea, a queda, o Inferno,<br />Eu visto tudo feito um terno<br />Que não mandaram ajeitar;<br />Quantos milênios vão passar<br />Na eternidade, tão sem tempo,<br />E sumirão, em qualquer vento<br />– Perdão aos deuses da má sorte. <br /><br />Vou, conformado, à madrugada,<br />Sem nem pensar numa saída<br />– Aqui, ali, ou outro lado;<br />E que o legado, inexistente,<br />Por mais que eu queira, mais que tente,<br />Está escrito no me fado:<br />Vou de mãos dadas com a vida,<br />Mas acenando para a morte.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-30538522220524008642019-08-26T18:01:00.003-03:002021-08-27T23:05:02.211-03:00Que é das mãos esperando o amanhecer definitivo e caídas também na torrente do tempo?<span face=""trebuchet ms" , sans-serif"><br />É terça, quarta, quinta-feira?,<br />Nada difere nos caminhos<br />Do velho fado, inexorável,<br />E que nos deixa sempre à beira<br />Dos pensamentos mais mesquinhos<br />– Enquanto segue o inenarrável.<br /><br />Ao pé desse cruzeiro torto,<br />De flores murchas nas coroas,<br />Repousa outro parente morto;<br />Sob silêncio em vez de loas,<br />E na mortiça palidez,<br />Somam-se todos, outra vez.<br /><br />Veio parente, veio amigo,<br />Pra ver o último abrigo,<br />Do que restou daquele moço:<br />Cada parente triste, grosso,<br />Que apanhou o ataúde<br />Para o repouso escuro e rude.<br /><br />Não houve rezas, cantochão:<br />Só burburinho dos presentes,<br />A lamentar tanta má sorte,<br />Nem pranto sobre o caixão;<br />E eu pensando, entrementes,<br />– O quão demora qualquer morte.<br /><br />E vão descendo a ribanceira<br />Entre os pequenos monumentos<br />De cada amor, há muito, findo;<br />As sepulturas quase à beira<br />De barracões, assentamentos,<br />E as indústrias, poluindo.<br /><br />Há girassóis?, mal nasce grama!,<br />Só cão, passante, funcionário;<br />E as moléculas de lama<br />Seguem o mesmo itinerário,<br />Inúteis sinos da agonia,<br />– Retratos desta elegia.<br /><br />O ataúde é soterrado,<br />E cada qual para seu lado:<br />O descansar do corpo puro,<br />Que servirá, então, de muro,<br />Entre este lado e o de lá<br />– Ante um deus que já não há.<br /><br />Já chega a hora da partida:<br />Entre garoa, frio e vento,<br />E a tarde longe de se por,<br />Vai cada qual com sua vida;<br />Imóvel mesmo, só o tempo<br />– Ignorando qualquer dor.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-46081600213680724332019-04-07T22:30:00.000-03:002019-04-07T22:30:20.401-03:00La peur, c'était bon avant, quand nous gardions de l'espoir.<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br /><b>I</b><br /><br />Às vezes eu me sinto tão cansado;<br />Acordar é deixar tudo de lado:<br />Pensar no tanto nada a fazer,<br />Tanto vazio que ocupa o ser.<br /><br />Então eu me levanto, assim, calado,<br />E me pego tentando escrever,<br />Mesmo que me pareça um desprazer;<br />Tanto faz aceitar ou não o fado.<br /><br />No meio do existir, tão deletério,<br />A chave é não haver nenhum mistério;<br />Segredo? todos saberem, não é nada.<br /><br />Viver como apertasse o gatilho:<br />Seria autofagia, autoexílio?<br />– Talvez, só a nulidade da empreitada.<br /><br /><br /><b>II</b><br /><br />Escrever para nada, para tudo,<br />Para si ou alguém se interessar,<br />Dá no mesmo, é somente um escudo<br />Contra o fracasso, pálido esgar.<br /><br />E hoje eu já me vejo quase mudo,<br />De tanto que cansou o caminhar;<br />Buscando para o verso o seu par<br />Ou pensando em métricas, sisudo.<br /><br />Desistir?, pois não há outra maneira;<br />Vai escrever com dor, até com febre?,<br />Escrever, como fosse mais que ser?<br /><br />Melhor se entregar ao nada haver,<br />Só esperar que tudo mais se quebre<br />– E logo tudo mais será poeira.<br /><br /><br /><b>III</b></span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />Ao sol já aziago, antemanhã,<br />Aquela chama púrpura, sem vida,<br />Já traz, envelhecida e malsã,<br />Outro dia, outra página já lida.<br /><br />A morte inaugurada, comovida<br /> Houvesse mesmo sorte ou saída;<br />Todo dia, num rútilo elã,<br />Tenta fingir que não é a vilã.<br /><br />O caminho, a chegada, nada importa;<br />A resposta, e eu sei que é sincera<br />É só ver quanto nada me espera.<br /><br />E, nesse agregado, o que conforta:<br />Não saber o que há atrás da porta<br />– O meu ser que já houve, ou o que não há?<br /></span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-44282329828255748652019-02-13T16:15:00.001-02:002019-02-13T23:10:52.252-02:00Ter sido. E não poder esquecer. Ter sido. E não mais lembrar. Ser. E perder-se.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br /><b>I</b><br /><br />A vida anda ¿meio? perdida, apagada, rabiscada <br />Num papel arrancado de caderno<br />Velho<br />Amassado, amarelado<br />Deixado de lado<br />E a vida?, suja e deslavada<br />Estirada num varal <br />Qualquer<br />E as almas, camada por camada<br />Quarando, amarelando<br />Sem freio, esteio<br /> Sem meio<br />Só um fim que não tem fim<br />E ninguém sabe como tudo <br />/E nada/<br />Começou.<br /><br />Na vala incomum<br />Remida, perdida, esquecida<br />Desperdiçada<br />Está lá, olha lá!, a vida<br />Desanimada, é verdade<br />De um culto ultrajado, ultrapassado<br />Qualquer pecado que seja homem ou mulher<br />– E que surja um novo cão?, expiatório<br />Crucificado*, <br />[*O mártir e a chaga do lado]<br />Para remir qualquer pecado<br /> permitir<br /> ¿demitir?<br />Sob o sol túrgido da tarde<br />– É sempre tarde<br />Que já se vai, se foi, se é que foi.<br /><br />E as moscas, sempre as moscas<br />Revoando feito loucas, feito um halo<br />D e s a n g é l i c o<br />De inútil* e putrefata ¿sanidade?, santidade<br />[*Paisagem arruinada]<br />Sob um céu e um sol que já não há<br />E sob a égide de ______ que não fui, não sou, quem quer que seja<br />Em quanto tempo, mais dias do que há em mil anos<br /><i>Desamparo, abandono</i><br />No corpo, nos vazios tristes<br />Nesse caminho úmido, nítido, rútilo para onde?<br />R.: Pra morte<br />[Viver, angústia turva]<br />Do divino espírito desgraçado<br />– Desencorajado.<br /><br /><br /><b>II</b><br /><br />Pois olha, veja bem<br />Não conta pra ninguém<br />Tem uma coisa<br />Que me suja<br />Que não sai<br />[‘Vezes até me atrai]<br />E eu não conto<br />Que eu mal tive<br />Que eu não confesso<br />Que mal expresso<br />Deus me livre, alguém saber<br />Do maldizer<br />Do malmequer<br />E com a voz calada<br />– Tempo livre, não sei –<br />me levanto<br />Quando [não] chove<br />Já me pego pensando<br />No tanto, nem sei quanto<br />A [não] fazer<br />E não sei o que faço<br />Com o espaço<br />Vazio.<br /><br />Florestas de pedra<br />Cidades de pó<br />Lágrimas de sal<br />Vielas, cidadelas<br />Poeira e mágoa<br />Em manhãs garoentas<br />Diante [¿distante?] de tudo<br />Que se apresenta<br />E não me representa<br />Tenho a impressão de que <br />Sou<br />Coadjuvante, figurante<br />Na vida <br />Palavra que não vale<br />_Então se cale<br />_Espera o cão ladrar<br />Sob o sol enevoado<br />De discursos e disputas<br />[Seja do que for tua fome]<br />– E mortificação.<br /><br /><br /><b>III</b><br /><br />Sabe o anjo que não cai?<br />Desiste da espera<br />Enrola essa bandeira<br />Abraça o caos e vai<br />Do mar você não sai<br />Me dá tua mão e vem<br />Me diz como é que faz<br />Pra disfarçar, continuar, adormecer, respirar e caminhar<br />Deitar ao chão tudo<br />Que está nas mãos<br />No azul que não há dos meus olhos de cão.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-81702316819535562292019-01-21T22:29:00.002-02:002019-01-21T23:44:58.821-02:00Ahoga nuestras almas, exentas de deseos, en un mar de silencio, de quietud y de olvido.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Garoa fria sobre a tarde baça:<br />O tempo vai fazendo sua curva<br />Inexorável, em silêncio, austera,<br />Sobre a existência, vã, na descendente,<br />Num grande afã de mágoa e esquecimento.<br /><br />Mas, de repente, a brisa morna, lassa,<br />Sopra no Lete, rio de água turva,<br />E uma angústia, de eterna espera,<br />Já se derrama, em turgidez, tão paciente<br />Sobre o Universo, merecido tormento.<br /><br />Realidade: escolha a sua, rápido,<br />Antes que perca a tua chance, e então<br />O teu caminho, já nas mãos do fado,<br />Vá desmanchar numa esquina rude<br />Do estreito paço de horror, loucura.<br /><br />Pois, quando bate a maré obscura, <br />Deságua na tua alma, açude,<br />Uma agonia no ser, já calado,<br />Feito um amargo e reticente ‘não’<br />E o horizonte se entristece, pálido.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-25138605102884669542019-01-07T22:25:00.000-02:002019-01-07T22:25:02.508-02:00Mas puseram-te numa praia de onde os barcos saíam para perderem-se.<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><br />Ciprestes ao vento:<br />Por vielas de pedra,<br />Entre anjos trincados,<br />Cruzeiros cinzentos<br />E céu empoeirado,<br />Te imagino deitada<br />Leve, carregada,<br />No cortejo, em silêncio<br />Que só é quebrado<br />Por pranto e soluço,<br />Engasgado ou rasgado,<br />Talvez pelos ruídos<br />Vindos da avenida<br />Pelos muros baixos<br />Da tua morada<br />Agora definitiva;<br />Quase vejo o chão<br />Do simplório jazigo<br />Onde repousarás<br />Para a despedida,<br />Descanso que não vi,<br />Onde tu já não hás;<br />Com orvalho nas flores<br />Que ora te ornam, <br />Poeiras nos lábios,<br />Pra sempre calados,<br />E estrelas mortas <br />Nos olhos vazios.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-76403468503797669472018-12-23T09:44:00.003-02:002018-12-23T22:22:58.716-02:00May the tributes of faith be rendered to faith.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Já nem sei mais se vale a pena<br />Deter-se aqui ou caminhar, <br />Pois já nem sei o meu lugar;<br />Veja a chuva: antes serena,<br />Tornou-se uma tempestade<br />– O infortúnio da vontade.<br /><br />E de fracasso em fracasso <br />Eu vou fazendo meu sucesso:<br />Ter fé em si, conceito lasso, <br />De sonhar por atacado,<br />Não receber qualquer recado,<br />Fica em qualquer impresso.<br /><br />O escrever, tão estimado,<br />No fim, não faz nem diferença,<br />Ninguém se importa, na verdade;<br />Das vaidades, a vaidade<br />De saber que reingresso<br />Ao panteão do descompasso.<br /><br />Irrelevante, quase amargo,<br />‘Inda fingindo que sou forte,<br />Esqueço as miseráveis linhas;<br />E a indiferença passa ao largo<br />Do sopro tépido da morte<br />– As frustrações que são só minhas.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-68302283967050695342018-12-22T14:05:00.004-02:002018-12-22T14:05:53.315-02:00Instintivamente eu me agarro ao abismo.<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-size: small;"> <br />Eis que se desmancha o tempo <br />Em silêncio, aflição:<br />Decepção, rancor, loucura; <br />É o limite, a extremidade,<br />Pranto que não comove<br />– Um navegador sem nau.<br /><br />Pois, feito peixe no areal<br />[Quiçá, chuva que não chove],<br />Os grãos da vida, saudade,<br />Quanto mais você procura,<br />Vê-se: permanecerão<br />Sempre em outro momento.<br /><br />Perto e longe, afinal,<br />Se tira a prova dos nove:<br />Dá no mesmo – a eternidade<br />É sombria, sempre escura;<br />Quantos sonhos restarão?,<br />É um tanto-faz, desalento.<br /><br />Vem a noite, um lamento:<br />Diga sim, mas pense não;<br />Amanhece: desventura<br />De existir, pois a verdade,<br /><i>Che ancora non si muove</i>,<br />Sem início, é o final.</span></span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-22807701935071843922018-07-28T22:25:00.001-03:002018-07-28T22:26:41.232-03:00E, no cansaço, deitaremos imensos, na planície vazia de memórias.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Intermitências: sem fim,<br />Começo, ou meio,<br />Por veredas insuspeitas<br />De vingança e remissão,<br />Na noite densa, absurda,<br />Em pálido abandono,<br />Desmancha sobre o orbe<br />A decadência sutil<br />Das despedidas de julho<br />[Frio, extenso, escuro, intenso],<br />Asas de anjos infernais,<br />Avesso da tua presença:<br />Sob o céu de nuvens sujas<br />Contra o chão de passos falhos,<br />Em silêncio, em devoção,<br />Almas quaram no varal,<br />Ao pó de um velho universo<br />– Rútilas flores de abismo.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-41731795658320561782018-07-09T21:40:00.001-03:002018-07-09T21:40:53.635-03:00Hoy te digo que creo en el pasado como punto de llegada.<span style="font-family: "Trebuchet MS", sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />Eu já não sei o que fazer com o tempo,<br />Que ora parece pouco, e ora tanto;<br />E me confundo se já tive, ou tenho,<br />De tanto instante solto, desmedido,<br />Algum motivo, talvez impreciso,<br />Um compromisso, até desnecessário,<br />Que me liberte do que eu nem sei.<br /><br />Instantes passam e eu, sempre atento, <br />Como esperasse ouvir um rude canto,<br />Que me fizesse até doer o cenho,<br />Tenho um desejo, quase proibido,<br />O qual oculto, pra manter o siso:<br />É me perder, em tal itinerário,<br />Que me abandone aonde eu nem sei.<br /><br />Então, quase sem jeito, eu invento<br />Um interstício, feito um acalanto,<br />Em que eu guarde tudo que mantenho<br />Do pouco tempo, que, quase perdido,<br />Eu não vivi, e agora eternizo,<br />No que não fiz, um rito funerário,<br />Tudo que resta, o quê?, eu já nem sei.<br /></span></span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-35021777765259834262018-06-24T20:06:00.000-03:002018-06-24T20:24:17.280-03:00Wenn Sie meine Hand auslasse, ist es, als wären wir tausend Meilen voneinander entfernt.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />Uma tarde de junho,<br />Feito um lance de dados:<br />Amizade em punho,<br />Dez anos, a vida;<br />Um instante, calados,<br />Como se fosse acaso,<br />Dado o tamanho atraso<br />- Mas existe saída?<br /><br />Foram passando as horas<br />Por uma tão sutil fresta<br />E olha!, já anoitecia;<br />Restava a profecia,<br />Feito sarças de fogo,<br />Pra deixar tudo em jogo,<br />Aparar cada aresta<br />E desfazer a demora.<br /><br />Então um beijo, um abraço<br />O existir, num abismo,<br />E não havia espaço<br />Para mim sem você;<br />E num tremor feito sismo,<br />O tempo se partiu,<br />Tão vagaroso, baldio</span></span><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: small;"><br />- </span></span>E eu vivi em você.</span></span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-61324324730116850372018-06-08T21:24:00.004-03:002018-07-30T09:48:11.972-03:00You talk to me as if from a distance and I reply with impressions chosen from another time.<span style="font-size: small;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />De um deserto para o outro,<br />Que sempre está a me alcançar,<br />Eu vou correndo, vou fugindo,<br />Até, enfim, eu perceber,<br />Que o deserto ainda está lá;<br />Que o deserto de você<br />É o deserto que há em mim.<br /><br />Queima de sol, queima de frio;<br />O céu e o chão são minha dor,<br />De tudo e nada, imensidão,<br />Inescapável, é o que há<br />De turvas vistas, repetição<br />– E o deserto, o grande horror.<br /><br />De tanto pó e tanto sol,<br />Imensa areia a rodear,<br />Que me seguia aonde eu fosse,<br />Ao final do dia, eu vi,<br />Tão absorto e sem ar,<br />Que o deserto era eu.</span></span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-8352422903195725502018-02-16T22:24:00.000-02:002018-02-16T23:31:00.252-02:00Calma, calma, também não é tudo assim escuridão e morte.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Tem dias em que olho pro mundo<br />E penso ‘não está tudo meio incompleto?’<br />Às vezes, porém, me parece mesmo<br />Que faz é bom tempo que já acabou.<br /><br />Caio do alto do azulado infinito,<br />E meus pedaços, vou deixando por aí:<br />As mãos, em cada texto que não fiz,<br />Feito os rastros do que havia – bem e mal;<br />Quem já não sou, sei lá se fui,<br />Vai pro fundo do mar esverdeado.<br /><br />Hoje não sei bem o que escrever:<br />Nem todo fevereiro tem dias de Carnaval,<br />E há tantos cristos que fogem da cruz;<br />Sem mentir qualquer virtude,<br />Nem trair algum receio, eu sei<br />- Cada um é a poeira de outro caminho.<br /><br />Às vezes, é verdade, tenho pressa<br />Sem nem saber aonde quero, enfim, chegar;<br />Em outras horas, estou tranquilo, a esperar<br />Pelas canções, por palavras – você.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-68395509868383810432018-02-02T15:57:00.003-02:002018-02-02T18:26:01.336-02:00 E os teus olhos não buscam mais lugares.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />É quando já não há mais tempo<br />Que todos vêm, ao telefone, me avisar:<br />Deixaste o corpo, a carne, a vida,<br />E os sombrios insucessos para trás.<br /><br />Às tantas dificuldades, enfim,<br />Deste as costas; tanta aposta,<br />Tanta reza, que deu somente em nada,<br />Até que, então, resolveste descansar.<br /><br />Aqui, correm os ponteiros do relógio,<br />Aí não bate mais a vida em teu peito;<br />Resta a mágoa do destino, atrás dos olhos,<br />E a terra, sobre os ossos, derramada.<br /><br />Cessa o tempo, doloroso, para ti,<br />Fica a vida, incompleta, para nós;<br />Já não há mais girassóis para essa luz,<br />E todas as tuas flores são de adeus.<br /><br />No lamaçal do enevoado amanhecer,<br />Os cães ladram e ladeiam pelas lajes,<br />Ao som do lúgubre e amargo cantochão<br />Para o madeiro descido ao abismo.<br /><br />Ao redor, parentes, amigos, conhecidos;<br />Entristecidos, cada qual no seu canto,<br />Ora envoltos em pranto, ora apenas contritos,<br />Ao sabor do impermanente e finito.<br /><br />Não quis te ver caído, inexistindo<br />No acre fado sob o sol e o céu;<br />Guardo lembrança de quando caminhavas<br />Pela vida que agora te encerra.<br /><br />Olhos cerrados, no descanso infindável,<br />E, sob a lápide gelada, o teu nome;<br />Jazes na relva - escuridão, placidez,<br />Na distância do silêncio e do nunca.<br /><br />É tudo que tens agora – a eternidade;<br />Ficamos aqui com a memória<br />Envolta em tempo, em poeira, no vazio,<br />E tu aí, imóvel onde o tempo já não há.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-1226832590800465142017-05-30T17:00:00.001-03:002017-05-31T17:42:46.164-03:00O tal vez para olvidar que eres caminante aprendiz, que estás muriendo temprano y ya no tiene dignidad.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Já quis muito,<br />Tentei ser tanto na vida;<br />Em meio a tanta dúvida,<br />Muito quis, tanto fui, nada sou.<br /><br />Escritor, atleta, artista...<br />Não há quem não desista de tanta tentativa;<br />Hoje mal sirvo pra reservista<br />De tanto sonho em que me alistei.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-8669056122474242442017-05-14T14:01:00.002-03:002017-12-05T02:55:54.695-02:00Look I gotta go, yeah, I'm running outta change; there's a lot of things if I could I'd rearrange.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Eu poderia escrever<br />Um livro inteiro<br />Sobre os planos que já tive<br />E não cumpri.<br /><br />Um grande álbum de fotos<br />Dos lugares a que não fui<br />E anotações de livros<br />que não li nem escrevi.<br /><br />Jogar fora alguns papeis<br />Notas amassadas do devir<br />É desistir oficialmente<br />De alguns planos<br />Deliberadamente acordar<br />De qualquer sonho.<br /><br />Eu vou ali e volto já<br />Mas quem eu volto?<br />E qual eu deixo lá?<br />Ninguém que eu fui<br />Nada serei?<br /><br />Hoje é um dia que não há,<br />Que mal foi, que não era<br />Pra ter sido, que jamais<br />Devia haver.<br /><br />Mas estou nele, no grande<br />Vazio<br />De um universo<br />Inteiro<br />Só pra mim.<br /><br />Com tantas latas de cerveja,<br />Roupa de outros carnavais,<br />Um violão desafinado<br />E um olhar sempre ao chão.<br /><br />Sempre um novo começo<br />Do que não tem mais fim;<br />Hora de não sei quê,<br />Véspera de esperar nunca.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-60534920806759758602017-05-11T11:44:00.001-03:002017-05-11T13:52:56.540-03:00No es mi corazón el que está repicando, solamente las agujas que ya no soportan el silencio y por eso quieren salir de pecho.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Os dias baços, descoloridos, <br />Passam por mim com vagar.<br />Imprecisos, feito nuvens<br />De um outono que não há.<br /><br />Um mês, um ano, mil séculos? <br />Quanto tempo se passou?, já nem sei.<br />Já nem sou<br />O que pensei.<br /><br />Os dias lassos, descontínuos,<br />Fogem de mim sem pensar.<br />Sem destino, voam longe<br />Para alguém que não sou.<br /><br />Eu pensei tanto, escrevi tanto<br />Tinha tanto a dizer,<br />Sentir, mas o quê?<br />Já nem sei<br />O porquê.<br /><br />A cada dia se desmontam<br />As certezas, as vontades, <br />Uma vida inteira de outras vidas <br />Vãs, desperdiçadas <br />Em que se erguem silêncios indizíveis.<br /><br />O que houve? Um país, tantas vontades<br />Outra pessoa?, nem conheço.<br />Não reconheço mais,<br />Pois já é tarde<br />E se apartam laços outrora indivisíveis.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-32594276117438363712016-08-24T23:24:00.002-03:002016-08-24T23:28:12.603-03:00Pero, anote, abandonado de verdad, no con esos imperfectos, anhelosos y en definitiva inútiles abandonos que la vida nos proporciona.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />A madrugada vem, <br />Desaba<br />Sem nenhuma sutileza,<br />Logo a trazer nos braços <br /> – Tristeza – <br />Outro amanhecer idêntico,<br />Outro despertar inútil<br />A quem nem adormeceu<br />E quem não está aqui.<br /><br />Calo-me, aflito<br />Diante do infinito,<br />Que é o medo de existir;<br />E o tempo vem, inexorável,<br />O tempo vai, inatingível, <br />Em vagas tempestuosas<br />De um escuro mar sem fim.<br /><br />Dormir, sonhar? Exatamente,<br />Não há <br />Como nem ou por quê<br />Simplesmente partir, deixar<br />O corpo, o dia, a vida<br />– O chão feito de não.<br /><br />Não há fuga, não há<br />Como pedir ajuda;<br />Não há saída, não há<br />Como deixar a vida<br />Fora <br />Do lugar, que na verdade<br />É lugar nenhum.<br /><br />Noite tão longa, <br /><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">L</span>onge, <span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">e</span>spessa, <br /><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">I</span>mpenetrável;<br />Atravesso na névoa,<br />Feito barco rumo ao cais <br />De tantas infinitudes<br />Desimportantes, desterradas<br />– Que não há.<br /><br />Já desisti de tantos sonhos,<br />Hoje este é só mais um:<br />Vícios, vicissitudes,<br />Tanto faz mais um ou não;<br />Pois o tempo está passando,<br />E eu quero ficar pra trás.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-77652124165197860302016-07-02T23:38:00.002-03:002016-07-02T23:38:31.570-03:00E assim fui sendo esse leque de coisas fluidas e inquietas.<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />A vida é sempre <br />A mesma: qualquer<br />Esforço sem porquê<br />Não sei, não há<br />Mais nada ou menos<br />Do que eu esperava ver<br />E ser e só.<br /><br />Uma angústia, véspera<br />De outubros, silêncio<br />Por mortos que enterro<br />Nas quartas de cinza<br />Por glórias caídas<br />No chão dos milagres<br />Desfeitos, sem jeito<br />De ser e só.<br /><br />Tropeço nos passos<br />Tão próprios a isso,<br />De tanto cansaço, ainda <br />Que finda nas ruas<br />De pedra, das flores <br />Eternas<br />Que são de papel<br />Em que deixo caírem<br />Metades, vontades<br />E uns dois ou três versos<br />Que são sempre os mesmos<br />Como igual é a vida<br />Que é ser e só.<br /><br />As marés, manhãs <br />Do fim <br />Do mundo<br />Poeira, de águas <br />Abismo, de azul <br />De auroras<br />Parnaso, de anjos<br />Sem asas<br />Nem eternidade<br />E lá no horizonte<br />Anunciação<br />Da fé sem mim<br />Do porquê do fim<br />Por ser e só.<br /><br />Não desejo nada<br />E nada me espera<br />Só restaram nuvens, e o corpo <br />Ao chão<br />Ou não<br />Ser <br />E só.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-13460716619150072692016-06-05T21:18:00.002-03:002016-06-05T21:18:52.635-03:00O mundo independia de mim, e não estou entendendo o que estou dizendo, nunca.<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br />Mais um domingo finda, baço,<br />Sem vontade, lasso, frio;<br />De neblina, garoa, ausência,<br />E uma angústia, um não sei quê.<br /><br />Encontram-se final e início<br />No interstício de existir: <br />Guardar pra si toda essa ânsia <br />– A distância até ser mais feliz.<br /><br />Aperta o passo, chega logo!,<br />Aonde?, nenhum lugar;<br />O que te espera além da noite<br />– Só mais um tanto de cansaço.<br /><br />A madrugada, com o pesar das horas,<br />E as folhas do calendário,<br />Leva às ruínas de quaisquer escolhas<br />– Itinerário da desolação.<br /><br />E já se anuncia, até previsível,<br />Qualquer outra dessas tempestades:<br />Ansiedades de amor e morte,<br />Torpor que dá só de se estar vivo.<br /><br />Carnaval feito de cinzas,<br />Ou dir-se-ia repetições,<br />De alegria, tristeza, nada,<br />Que voltarão com a alvorada.</span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-28458427.post-70659228235341674752016-05-10T21:25:00.001-03:002016-05-11T12:17:31.909-03:00Ils reviendront, ces Dieux que tu pleures toujours! <span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><br />[Versos feitos dentro dos 9min29s <span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">de <a href="https://www.youtube.com/watch?v=hS8tMXHgovg"><i>Immutable Dusk</i></a>, do Pelican.]</span></span><br /><br /><br />Cada noite sozinho é um suspiro<br />De alívio, de fome<br />De não querer viver.<br /><br />Cada chance de falsa mudança<br />É só mais um sobrenome<br />Da decepção.<br /><br /><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Cada angústia que arde no peito</span></span><br />
<span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">É um sinal dos tempos,<br /><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">É um</span> entardecer</span>.<br /><br />A esperança é uma ponte partida<br />Tombada pro lado<br />De lugar nenhum.<br /><br />São os erros,<br />As destemperanças,<br />De quem não se pode<br />Sequer desprezar.<br /><br />Cada escolha é uma folha rasgada,<br />Em branco, amassada<br />De sim e de não.<br /><br />Cada lado escolhido é um fado,<br />É um falso caminho<br />E um ponto final.<br /><br />Cada beijo é um pranto escondido,<br />Para si, nos profundos<br />Desvãos do viver.</span><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><br /><br />O destino é a vida caindo,<br />Curvando o espaço,<br />Tempo que não há.</span><br /><br />São as moscas<br />Revoando em um halo<br />Sobre o cadáver<br />De Nosso Senhor. </span>Fábio Vanzohttp://www.blogger.com/profile/14722972525781966543noreply@blogger.com0