17.6.13

The stars you gathered, the stars I destroyed.

 Fim da farsa, cai o pano:
 Tanto fez que conseguiu!
 Onde foi parar aquele
 Amor de cheiro, de pele...?
 Desperdiçou-me, e se partiu
 No esforço cotidiano,
 Se quebrou e ninguém viu,
 Foi só mais um desengano.
 – E que tudo se congele.

 Pois foi em dia nenhum
 (Nem lembro qual foi o mês)
 Que o amor decidiu morrer
 À míngua, pra merecer
 O descaso em tal viés,
 Como ‘inda houvesse algum
 Sentimento feito rês,
 Acorrentado ao comum
 E malquisto bem-querer.

 Na verdade nunca houve
 Uma nota que encaixasse
 Em nossa velha canção
 Dissonante e sem razão;
 Ah!, se o silêncio esperasse!...
 E se o acaso lhe aprouve,
 Então faltou quem contasse
 Que é cinza o que chove
 Sobre o meu coração.

 E hoje nem sinto falta
 Do que já nem tinha em mim.
 Fica somente o vazio,
 Certa ausência que dá frio,
 A paixão em um confim.
 E sabe qual é a pauta?
 “– É como a saudade enfim
 Bebesse, sem sede, incauta,
 Toda a água de um rio”.

 Nesta confusão imensa,
 Já nem lembro quanto tempo
 Passou desde o início
 Deste texto, desse vício;
 Já não sopra mais o vento
 Que trazia tua presença,
 E sozinho agora entro
 N’outra inútil renascença.
 – A vida é interstício.

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