Fim da farsa, cai o pano:
Tanto fez que conseguiu!
Onde foi parar aquele
Amor de cheiro, de pele...?
Desperdiçou-me, e se partiu
No esforço cotidiano,
Se quebrou e ninguém viu,
Foi só mais um desengano.
– E que tudo se congele.
Pois foi em dia nenhum
(Nem lembro qual foi o mês)
Que o amor decidiu morrer
À míngua, pra merecer
O descaso em tal viés,
Como ‘inda houvesse algum
Sentimento feito rês,
Acorrentado ao comum
E malquisto bem-querer.
Na verdade nunca houve
Uma nota que encaixasse
Em nossa velha canção
Dissonante e sem razão;
Ah!, se o silêncio esperasse!...
E se o acaso lhe aprouve,
Então faltou quem contasse
Que é cinza o que chove
Sobre o meu coração.
E hoje nem sinto falta
Do que já nem tinha em mim.
Fica somente o vazio,
Certa ausência que dá frio,
A paixão em um confim.
E sabe qual é a pauta?
“– É como a saudade enfim
Bebesse, sem sede, incauta,
Toda a água de um rio”.
Nesta confusão imensa,
Já nem lembro quanto tempo
Passou desde o início
Deste texto, desse vício;
Já não sopra mais o vento
Que trazia tua presença,
E sozinho agora entro
N’outra inútil renascença.
– A vida é interstício.
17.6.13
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