24.4.14

ἐδάκρυσεν ὁ Ἰησοῦς.

Todos na casa do Senhor
A contemplar este mistério:
É Sexta-Feira da Paixão.
Ah, vejam só o carpinteiro
– Inevitável ironia! –,
Pregado ao áspero madeiro,
Exatamente o que servia
– Destino irônico e malsão –,
Em dias menos deletérios,
A ele mesmo de labor.

Aqui de fora só consigo
Pensar que nossos rudes fados,
Em cada ato ou desatino,
Tal qual o triste nazareno,
Somos nós mesmos que engendramos:
Mesmo num erro bem pequeno,
Em tantos tolos desenganos,
Estão os pregos do Destino
A nos fazer crucificados;
– Somos o nosso inimigo.

Deságua a tarde com esgar;
Rasgado o véu do firmamento
– Nossos esforços malogrados –,
O fim deste rude calvário
Terá no tédio sua gólgota,
Será o nosso itinerário
Até a última derrota;
E pela sorte abandonados,
Nos restará só o lamento:
– Ninguém irá ressuscitar.