7.4.19
La peur, c'était bon avant, quand nous gardions de l'espoir.
I
Às vezes eu me sinto tão cansado;
Acordar é deixar tudo de lado:
Pensar no tanto nada a fazer,
Tanto vazio que ocupa o ser.
Então eu me levanto, assim, calado,
E me pego tentando escrever,
Mesmo que me pareça um desprazer;
Tanto faz aceitar ou não o fado.
No meio do existir, tão deletério,
A chave é não haver nenhum mistério;
Segredo? todos saberem, não é nada.
Viver como apertasse o gatilho:
Seria autofagia, autoexílio?
– Talvez, só a nulidade da empreitada.
II
Escrever para nada, para tudo,
Para si ou alguém se interessar,
Dá no mesmo, é somente um escudo
Contra o fracasso, pálido esgar.
E hoje eu já me vejo quase mudo,
De tanto que cansou o caminhar;
Buscando para o verso o seu par
Ou pensando em métricas, sisudo.
Desistir?, pois não há outra maneira;
Vai escrever com dor, até com febre?,
Escrever, como fosse mais que ser?
Melhor se entregar ao nada haver,
Só esperar que tudo mais se quebre
– E logo tudo mais será poeira.
III
Ao sol já aziago, antemanhã,
Aquela chama púrpura, sem vida,
Já traz, envelhecida e malsã,
Outro dia, outra página já lida.
A morte inaugurada, comovida
Houvesse mesmo sorte ou saída;
Todo dia, num rútilo elã,
Tenta fingir que não é a vilã.
O caminho, a chegada, nada importa;
A resposta, e eu sei que é sincera
É só ver quanto nada me espera.
E, nesse agregado, o que conforta:
Não saber o que há atrás da porta
– O meu ser que já houve, ou o que não há?
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