O vapor do chá mate com limão na caneca desbotada
A canção semi-acústica de outros tempos repetidos
O vento frio e indefinido pela chuva da existência
O ranger das velhas tábuas de madeira no convés
Neste mar absolutamente inútil e sem rumo
Feito lagoa triste de tanto sal do que ninguém chorou
Na rosa-murcha-e-pálida-dos-ventos não há direção
Não há sentido, não tem partida, a chegada é sempre nada
Neste horizonte limitado das escolhas
A punição é estar sozinho e tão cheio de si
Banhado pelo gélido manto vespertino
Enregelado pelos próprios ossos ressequidos
O som do sim, a canção do não, tudo se mistura
Se confunde em pesadelos feito numa traição
E enquanto fantasmas entoam os seus cânticos
O anoitecer canta ave-marias às avessas
É o Inferno sem frio, é o Inferno sem dor
São os dias passados que não me deixam
A resposta para quem não tem perguntas
É a vida sem mim, é viver sem você.
12.11.10
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Um comentário:
Are you talking to me?
meu coração podia ter escrito isso, pena que é analfabeto.
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