24.8.16
Pero, anote, abandonado de verdad, no con esos imperfectos, anhelosos y en definitiva inútiles abandonos que la vida nos proporciona.
A madrugada vem,
Desaba
Sem nenhuma sutileza,
Logo a trazer nos braços
– Tristeza –
Outro amanhecer idêntico,
Outro despertar inútil
A quem nem adormeceu
E quem não está aqui.
Calo-me, aflito
Diante do infinito,
Que é o medo de existir;
E o tempo vem, inexorável,
O tempo vai, inatingível,
Em vagas tempestuosas
De um escuro mar sem fim.
Dormir, sonhar? Exatamente,
Não há
Como nem ou por quê
Simplesmente partir, deixar
O corpo, o dia, a vida
– O chão feito de não.
Não há fuga, não há
Como pedir ajuda;
Não há saída, não há
Como deixar a vida
Fora
Do lugar, que na verdade
É lugar nenhum.
Noite tão longa,
Longe, espessa,
Impenetrável;
Atravesso na névoa,
Feito barco rumo ao cais
De tantas infinitudes
Desimportantes, desterradas
– Que não há.
Já desisti de tantos sonhos,
Hoje este é só mais um:
Vícios, vicissitudes,
Tanto faz mais um ou não;
Pois o tempo está passando,
E eu quero ficar pra trás.
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