20.8.13
E o tempo, despovoado e profundo, persiste.
“Conheço quase o mundo inteiro
Por cartão postal
Eu sei de quase tudo um pouco
E quase tudo mal.”
(Leoni, Nada Tanto Assim)
Releio os mapas e os guias
É minha única alegria
– Fingir que estou a viajar.
Eu vou traçando as diretrizes
E os roteiros dos países
Sem nem sair da residência.
Desfaço e faço sempre as malas
Levo-as do quarto para a sala
Justificando a existência.
Tenho um mural para as imagens
E uma caixa pras mensagens
Que não tirei nem escrevi.
E sinto sempre a saudade
De cada canto das cidades
De tudo aquilo que não vi.
E chego quase a me esquecer
De que eu nunca vou viver
Para me ver nesses lugares.
Retorno ao ponto de partida
Sem ter a chance de saída
Nem mergulhar em outros mares.
Mas sei de todas as histórias
E trago tudo na memória
– Eu sou quem não estava lá.
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