Não durmo. A chuva, fria, cai inclemente, sem
paciência, com a serenidade de um executor. Vertigem. Vertigem. Vertigem. Qual
é teu maior sonho? Ter novamente um sonho? No início havia a química. E as
noites eram de estranha paz. Depois o tempo se recusa a passar. Nada a esperar.
Encosto no sol e ele me queima as mãos feito esperança morta. E a náusea
persiste, é um existir-demais para mim. Mais um dia longo, que já começou e não
terá mais fim. As cartas não chegarão mais aos seus destinos, os corpos não
serão mais enterrados, não haverá mais choro ou riso. Apenas a metafísica
inútil dos conselhos sem valor. Ainda existo. E é grosseiro, rude, apressado.
As palavras que nem chegam a existir de verdade. É preciso imaginar Sísifo,
etc.
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