2.6.15

De resto, nada em mim é certo e está de acordo consigo próprio.

O que você tem feito da vida?
Ou o que ela, então, tem feito
Dos teus desejos, de tantos sonhos,
Que você teve, por tanto tempo,
E hoje finge que, desatento,
Os dias passam, tão enfadonhos
E ansiado, tão contrafeito,
Sequer lamenta a escolha perdida?

Sei que meus temas são circulares;
Peço perdão por repetições
Eventuais e por outros vícios,
Essas questões que eu reinvento
Para atingir outros patamares
Das mesmas dores e aflições
- Retorno eterno desses suplícios -,
Como pudessem servir de alento.

Em pensamentos muito dispersos
Concluo, tarde, ter esgotado
Todas as vãs possibilidades
De me expressar com este lirismo,
Viver a vida com novidades;
Um vez mais no fundo do abismo,
Acho melhor, pois, ficar calado
- Talvez parar de escrever versos.