21.1.13

Agora esse futuro está aqui, a meus pés, morto.


I

Não crie casos por tão pouco,
Seja carta fora do baralho.
– Vamos deixar isso pra lá?

Mostre seus calos de trabalho,
Ah, e também não banque o louco.
– Que tal deixar isso pra lá?

Mantenha o ouvido sempre mouco
E me desculpe se atrapalho.
– Melhor deixar isso pra lá.


II

O que eu faço é o que sou:
Jamais busquei a redenção.
O que me resta é o que falta:
A esperança jaz incauta,
Vem sempre a queda após o voo
– E tudo isso foi em vão.

Pois no rasgar de cada folha
Nem bem importa sim ou não;
Às vezes não quero escolher
E todo mundo vai dizer
Que cada passo é uma escolha
– E toda escolha é ilusão.

3.1.13

Doch hort mich morgen nicht an Ich kann den trostlichen Beweis erbringen kann hinab in das mutterliche Dunkel wo Finsternis und Chaos uber Erd' und Himmel richten.

Nesta tristeza que parece até mentira
Na dor profunda que emana desse corte
Eu nem sei mesmo como devo avisar
Que não existe horizonte nesse mar
E nem certeza que não seja a da morte
Enquanto a vida tão cansada se retira.

Desacredite se quiser da minha febre
Mesmo que tudo termine em silêncio
Pois a vergonha mata tanto quanto o amor
E nossa vida juntos tenha sido breve
Que uma lágrima permita o anúncio
Possamos nós nos abraçar num estertor.

Mas só depois de entregar o corpo ao chão
As minhas rimas contarão a nossa história
Porque enquanto eu fizer versos neste mundo
Porque lá dentro do mais íntimo e profundo
Meus pensamentos buscarão tua memória
– E que esta seja minha última canção.